Sabe Mais

Posts Tagged ‘Resistência

      Num dia como o de hoje (28 de agosto) mas de 1963 (há 49 anos), terminava em Washington (EUA) a grande marcha pela igualdade dos direitos cívicos, com cerca de 200 mil pessoas, onde Martin Luther King profere o seu famoso discurso intitulado: “I Have a Dream” (Eu tenho um sonho).

      «A liberdade nunca é voluntariamente cedida pelo opressor; deve ser exigida pelo oprimido.»

      Martin Luther King (1929-1968)

      Foi um dos mais importantes e incontornáveis líderes mundiais do movimento dos direitos civis, especialmente dos negros nos Estados Unidos, com uma campanha de não-violência e de amor ao próximo. King era seguidor da ideia lançada por Gandhi da desobediência civil não violenta.

      Acertadamente previu que as manifestações organizadas e não violentas contra o sistema de segregação predominante no sul dos Estados Unidos, apesar de atacadas de modo violento pelas autoridades racistas, detinham uma ampla cobertura dos meios de comunicação de massas, o que permitia criar uma opinião pública favorável ao cumprimento dos direitos civis e assim orientou a sua luta, acendendo o debate acerca dos direitos civis e tornando-o até o principal assunto político nos Estados Unidos a partir do começo da década de 1960.

      Organizou e liderou marchas pelo direito ao voto, o fim da segregação, o fim das discriminações no trabalho e outros direitos civis básicos. A maior parte destes direitos foi, mais tarde, agregada à lei geral dos EUA com a aprovação da Lei de Direitos Civis (1964) e da Lei de Direitos Eleitorais (1965).

      O protesto não violento irritava as autoridades racistas dos locais onde se davam os protestos e, invariavelmente, tais autoridades, retaliavam sempre de forma violenta.

      Martin Luther King era odiado por muitos segregacionistas do sul, o que culminou no seu assassinato no dia 4 de abril de 1968, momentos antes de uma marcha, num hotel da cidade de Memphis.

      Dezoito anos depois da sua morte, em 1986, foi estabelecido um feriado nacional nos Estados Unidos para homenagear Martin Luther King, o chamado Dia de Martin Luther King (sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King). Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país.

      Luther King foi a pessoa mais jovem a receber o Prémio Nobel da Paz, em 1964, pouco antes de seu assassinato.

      Cerca de 200 mineiros, de capacete na cabeça e lanternas acesas, chegaram a Madrid, após dois meses de greve, 19 dias de caminhada em que percorreram mais de 400 Km, formando a “marcha negra” sobre a capital espanhola.

      Em frente à sede do Governo espanhol, gritaram: “Se isto não se resolve, guerra, guerra!”

      A marcha era composta por dois grupos de mineiros, uma coluna vinda do Norte (das Astúrias e León) e outra vinda do Sul (de Aragão).

      “Se fecharem as minas não teremos mais nada”, disse Francisco Martim, mineiro de 35 anos.

      “Devemos fazer o Governo tomar consciência de que as localidades mineiras devem sobreviver”, disse António Risco, de 52 anos, 22 deles passados no fundo da mina.

      Os mineiros saíram à rua para protestar contra o corte, por parte do Governo, do financiamento à indústria do carvão, que já este ano rondará os 63%, de 301 milhões de euros para 111 milhões de euros, mas para além deste corte, e por decisão de Bruxelas, o apoio ao setor mineiro deve terminar em 2018, o que, segundo vários sindicatos espanhóis, irá pôr em causa cerca de 30 mil empregos, direta ou indiretamente.

      Jorge Garcia, de 42 anos, acabados de fazer na estrada, está há 17 anos numa mina em Laciana, León e, em entrevista ao jornal espanhol “El Mundo”, criticou os cortes ao setor mineiro, dizendo: “O trabalho é duro, mas é a única opção que temos nos sítios onde vivemos. Se fecharem as minas vão desaparecer muitas povoações”. Também contesta quem diz que os mineiros usufruem de vários privilégios: “Ganhar 1000 a 1300 euros por mês por um trabalho de nove horas em condições duríssimas é um privilégio? E a reforma aos 45 anos tem uma justificação, o corpo não aguenta mais”.

      À chegada a Madrid os mineiros obtiveram o apoio e a junção de milhares de pessoas e, bem assim, da polícia que causou, com a sua intervenção, 73 feridos, destes sendo 40 manifestantes e 33 polícias.

      Há 20 dias que os mineiros das Astúrias (província espanhola) ocupam as minas e barricam estradas, enfrentando a polícia com originais armas de sua própria construção, como os “rockets” que lançam usando tubos metálicos e foguetes pirotécnicos.

      Os cortes de estradas ocorrem em estradas nacionais e autoestradas, não conseguindo a polícia desbloqueá-las dada a grande força de enfrentamento dos mineiros.

      Os cortes nas linhas ferroviárias ocorrem de igual modo e, tendo sido desbloqueada a barricada e reposta a circulação, logo cortaram a linha elétrica, o que obrigou a novo corte de circulação.

      Os mineiros invadiram ainda o Congresso dos Deputados, vestidos de camisolas negras, protesto que foi aplaudido pelos deputados da oposição e obrigou à suspensão dos trabalhos do plenário.

      Os mineiros protestam pelo plano de fecho de todas as minas de carvão que está a ser implementado até ao ano de 2019, altura em que todas as minas deverão estar encerradas. As minas de extração de carvão são o principal empregador das Astúrias, sem elas a população não terá emprego.

      Nos últimos dias, várias sedes do Partido Popular (que atualmente governa em Espanha) foram atacadas na região das Astúrias, tendo sido deixado um saco de carvão.

      A greve dos mineiros é por tempo indeterminado.

      Estão em risco 25 mil postos de trabalho (diretos e indiretos).

      O protesto dos mineiros espanhóis, estimados em cerca de 8.000, iniciou-se no final de maio, com uma manifestação em Madrid.

      Ontem, enquanto a polícia tentava desbloquear uma estrada, os mineiros enfrentaram a polícia, resultando em quatro polícias que tiveram de receber tratamento hospitalar, com diagnóstico reservado.

      Sante Gerónimo Caserio (1873-1894), foi um anarquista italiano que apunhalou e matou o presidente francês, com um único golpe.

      Sante mandou fazer um punhal de propósito para o ato, com cabo em cobre e listras intercaladas de veludo negro e vermelho.

      Em junho, após um banquete, dirigindo-se o presidente francês, em carruagem aberta, a um baile de gala, Sante saltou para a carruagem e, de um só golpe, apunhalou o presidente, cravando-lhe o punhal entre o pescoço e o peito.

      No julgamento, Sante, veio a ser condenado à pena de morte, por guilhotina, tendo recebido o veredicto com um grito de “Viva a Revolução”.

      As suas últimas palavras no tribunal foram:

      «Se os governantes podem usar contra nós espingardas, correntes e prisões, nós devemos; nós os anarquistas, para defendermos nossas vidas, devemos nos ater às nossas premissas? Não. Pelo contrário, a nossa resposta aos governantes será a dinamite, a bomba, o estilete, o punhal. Numa palavra, temos que fazer todo o nosso possível para destruir a burguesia e o governo.»

      No cadafalso, segundos antes de morrer, Caserio gritou à multidão que assistia: «Coraggio compagni e viva l’Anarchia.» (Coragem Companheiros e viva a Anarquia [o Anarquismo]).

      Tinha 22 anos de idade.


      Começa hoje em diversas cidades europeias, e também um pouco por todo o Mundo, a segunda volta dos movimentos dos “indignados” que há um ano acampavam e ocupavam as praças principais das também principais capitais europeias e do Mundo.

      O movimento denomina-se “Primavera Global” e está confirmado para decorrer em mais de 250 cidades em todo o mundo, incluindo sete cidades portuguesas, todos em protesto contra a crise e as medidas de austeridade.

      O movimento reclama uma “democracia real”, mais justiça social, distribuição da riqueza e ética pública, entre outras questões.

      Em Portugal, onde a manifestação de 12 de Março de 2011 da «geração à rasca» inspirou as concentrações em Espanha no mesmo ano, os desfiles, debates e assembleias populares vão realizar-se em Braga, Porto, Coimbra, Santarém, Lisboa, Évora e Faro.

      Na Grécia, onde a população está sujeita a drásticas medidas de austeridade e onde ainda se espera a formação de um novo governo, está prevista uma concentração na Praça Sintagma (Praça da Constituição) frente ao Parlamento, organizada pelo Fórum Ágora de Atenas.

      Em Espanha, os «indignados» têm previstas manifestações, reuniões e assembleias em diversas cidades do país, destacando-se a concentração marcada para hoje na praça Puerta del Sol em Madrid, onde no dia 15 de Maio de 2011 começou um acampamento de protesto e que deu origem ao movimento 15M e que juntou milhares de pessoas.

      Na Alemanha, em Berlim, os manifestantes vão tentar formar uma estrela de cinco pontas que parte depois para cinco pontos da cidade vindo mais tarde a reagrupar-se na Fonte de Neptuno, em Alexanderplatz e estão ainda marcadas manifestações em Dusseldorf, Frankfurt, Munique, Hannover, Gotinga, Erfurt e Bochum.

      Em França, a manifestação dos indignados tem como mote: «Um vento de indignação corre por todo o mundo». No centro de Paris, onde os manifestantes já difundiram a mensagem de que «votar não basta» vão realizar-se assembleias e debates sobre educação, saúde, meios de comunicação social e justiça.

      No Reino Unido, o movimento “Occupy London” convocou para a Praça de S. Paulo, na city londrina uma manifestação que vai percorrer toda a zona onde estão localizadas instituições bancárias que, de acordo com os «indignados britânicos», constituem um por cento da população que provocou a crise económica e que continua a beneficiar da atual situação. O movimento londrino apelou aos simpatizantes para levarem tendas e assegurou que os métodos de protesto vão ser «pacíficos e criativos».

      Na Irlanda, o grupo “Real Democracy Now Ireland” convocou manifestações em Dublin e em Cork e está a pedir, através das redes sociais, a ocupação pacífica das ruas durante uma jornada que vai decorrer sob o lema «Não somos nem propriedade dos políticos nem dos banqueiros».

      Em Itália, os «Indignados» convocaram uma manifestação em Roma a que chamam “Olimpíada dos Direitos”, junto às ruínas do Coliseu onde vai realizar-se uma assembleia e debates de reflexão sobre o estado da democracia e o estado da economia.

      Na Europa Central e de Leste estão planeadas concentrações, hoje, nas principais praças de Viena, Budapeste, Bratislava, Bucareste, Belgrado e Sofia.

      Nos Estados Unidos, há marchas previstas em Detroit, Chicago e Nova Iorque, cidade onde em 2011 mais de 10.000 pessoas se manifestaram nas ruas do centro financeiro exigindo que a banca pagasse a crise que ela própria provocou.

      Em Portugal, iniciou-se esta tarde, pouco depois das 15H00, uma marcha protesto, em Lisboa, com centenas de pessoas, percorrendo o percurso do Rossio ao Parque Eduardo VII, onde pretendem permanecer até à próxima terça-feira.

      Os manifestantes portavam cartazes com diversos apelos como: «Sê a mudança que queres ver no mundo» ou «A lutar vencemos; a precariedade não é solução».

      Mais info em: http://primaveraglobalpt.info

      Perante a crise do capitalismo e as suas medidas brutais sobre o mundo do trabalho, qual tem sido a resposta dos trabalhadores para se oporem a esta ofensiva?

      Tem sido a reivindicação do direito ao trabalho e as suas pequenas conquistas de benefícios próprios e particulares ao longo do tempo, mas sempre dentro do quadro capitalista, sem pôr em causa o sistema burguês de exploração.

      A luta e a resistência dos trabalhadores passa essencialmente por manifestações de desagrado, como as que hoje ocorrem (primeiro de maio) mas são, no entanto, insuficientes, ou mesmo inócuas, para travar a brutal ofensiva do capitalismo que procura resolver a sua crise à custa dos trabalhadores, para quem a tal crise é completamente alheia.

      Se alguns setores vêm contestando o sistema capitalista, a grande massa trabalhadora não o contesta, esperando que a resolução dos seus graves problemas de trabalho, de vida e de sobrevivência, ocorra dentro do próprio sistema capitalista.

      Devemos estar atentos, ativos e não na expetativa, aguardando por soluções caídas do céu ou da cabeça dos capitalistas. Dentro das nossas possibilidades, devemos participar nas lutas, grandes ou pequenas, intervindo e denunciando sempre o sistema capitalista, a sua exploração e as suas fabulosas falcatruas, incentivando os trabalhadores a não aceitarem, de forma alguma, esta ordem injusta que sempre (mais tarde ou mais cedo) a todos nos prejudica.


Etiquetas:

      O Espaço-projeto “Es.Col.A” (Espaço Coletivo Autogestionado), no Porto, que havia sido ocupado há cerca de um ano, foi desocupado há cerca de uma semana (no passado dia 19) e eis que ontem, dia 25 de abril, voltou a ser ocupado.

      Cerca das 17:45 horas, centenas de pessoas rumaram à escola do Alto da Fontinha. Eram centenas de pessoas solidárias com o movimento Es.Col.A, a maioria a fazer uma ocupação pela primeira vez, e ultrapassaram as barreiras impostas pela polícia, cortaram os cadeados e reentraram nas instalações, gritando bem alto: «a Escola é nossa!»

      Para além dos ativistas ocupantes, as centenas de populares que participavam nas comemorações da Revolução do 25 de abril, não hesitaram em mostrarem-se solidários e ocupar a escola, seguindo os ativistas da Es.Col.A.

      Os ocupantes e cidadãos depois de quebrar os cadeados que impediam a entrada, retiraram as placas de metal que impediam o acesso ao espaço e hastearam uma bandeira preta. Entretanto, os populares, já dentro, no pátio, cantam, dançam e batem com testos de panelas.

      Esta reocupação do estabelecimento de ensino neste dia 25 de abril foi uma das medidas decididas num plenário realizado logo no dia seguinte ao do despejo.

      «A resistência não é um objetivo em si, é um meio para conseguir manter o projeto Es.Col.A. O importante é que a resistência foi necessária para garantir um espaço para servir a comunidade e as pessoas de fora», disse Johan Diels, um belga que emigrou para Portugal e participa no projeto do Es.Col.A desde o início da primeira ocupação, há 1 ano, e disse ainda que «Temos provavelmente de alterar o modelo de resistência para conseguirmos dar continuidade ao projeto Es.Col.A». Afirmou ainda que a quantidade de pessoas que compareceram excedeu todas as expetativas: «Acho que alguns dos elementos da organização ficaram assustados de forma positiva com esta gente que apareceu hoje».

      Mais info na ligação permanente da “Es.Col.A” na coluna dos “Sítios a Visitar”.

Posted on: 16/04/2012

      No passado dia 31 de março, milhares de pessoas realizaram em Frankfurt (capital económica da Alemanha), uma manifestação contra o capitalismo, inserida na Jornada de Ação Europeia Contra o Capitalismo (M31).

      Durante o ato os manifestantes lançaram fogos de artifício, pedras e garrafas contra a polícia que os acossavam, atirando ainda bombas de tinta, quebraram vidros de lojas e escritórios. Foi ainda atacado um hotel de luxo e o Banco Central Europeu.

      Houve sérios confrontos com a polícia e dezenas de pessoas ficaram feridas, manifestantes e polícia, sendo apenas um com gravidade. Cerca de 465 pessoas foram detidas. Os organizadores do M31 denunciaram a violência policial e as detenções massivas.

      Vê fotos nas seguintes ligações:
http://www.flickr.com/photos/boeseraltermannberlin/sets/72157629710808107/
http://www.flickr.com/photos/rassloff/sets/72157629711754609/
http://www.flickr.com/photos/pm_cheung/sets/72157629711947195/
http://www.flickr.com/photos/kamisilenceaction/sets/72157629719471729/
http://www.flickr.com/photos/agfreiburg/sets/72157629357400050/

      Vê vídeos nas seguintes ligações:
http://www.youtube.com/watch?v=zIZhA3aD9e0
http://www.youtube.com/watch?v=7Cb27OjA9-Y
http://www.youtube.com/watch?v=7shMLyCchb4
http://www.youtube.com/watch?v=-4KIvbcrq_c
http://www.youtube.com/watch?v=QdxcG9QRZnE


      A Wikipedia acaba de anunciar que é possível fazer o “download” de toda a sua informação, num ficheiro de apenas cerca de 10 GB (excluídas as imagens, mas não os gráficos, tabelas, cálculos e outras ilustrações necessárias), podendo assim deter toda a informação sem necessidade de estar “on-line”. Assim, sempre que não se disponha ou se possa ter uma ligação à Internet, é, ainda assim, possível consultar toda a enciclopédia, quer se esteja num avião ou num local sem rede/ cobertura, toda a enciclopédia em língua inglesa até Janeiro de 2012.

      O arquivo que permite descarregar a Wikipedia para o computador é um OpenZIM legível a partir de programas como o Kiwix, disponível para Windows, Mac e Linux.

      A descarga (“download”), tal como a consulta e participação, continua a ser totalmente livre de acesso e partilha; um fantástico exemplo de coragem anticapitalista e resistência.

      A Wikipedia surgiu muito antes do Google, e é/foi uma inestimável fonte de pesquisas sobre inúmeros assuntos. Nunca admitiu publicidade e, ao contrário do Google, acabou envolvida em contínuas crises financeiras, vivendo hoje de contribuições espontâneas (seu fundador, Jimmy Wales, passa o tempo pelo Mundo em busca de ajuda).

      A Wikipedia é um projeto fantástico para além de ser uma enciclopédia livre e livre no sentido de qualquer pessoa a poder consultar, em múltiplas línguas, mas também livre no sentido de qualquer pessoa a poder completar. Esta vantagem acarreta consigo alguns problemas, designadamente, a fiabilidade dos dados publicados, pois pessoas há que os introduzem, até propositadamente, errados. Há um painel de editores que vai fazendo a filtragem da informação mas estes editores, que trabalham gratuitamente, não conseguem gerir tanta quantidade de informação em tempo útil.

      Atualmente, a Wikipedia tem convénios com universidades e centros de pesquisa, parcerias estas, editoriais, que são produtivas quer para os alunos quer para a Wikipedia, com vantagem para qualquer utilizador, pois a informação publicada é cada vez mais fiável. No geral, as universidades têm criado um sistema de créditos em que os seus alunos aprofundam determinados assuntos e os atualizam com rigor e aprofundadamente na Wikipedia.

      Mais info sobre a descarga (“download”) da Wikipedia, diretamente em:
http://blog.wikimedia.org/2012/04/09/download-the-text-of-the-entire-english-wikipedia/


      Foi ontem lançado no Brasil o livro intitulado “Pulmão de Aço” da escritora Eliana Zagui que o escreveu com a boca.

      Eliana está internada há 36 anos no Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas, em São Paulo, devido a uma paralisia que, desde os 2 anos de idade, a fez perder os movimentos do pescoço para baixo.

      Este seu primeiro livro foi escrito com a boca e relata as suas memórias de toda uma vida internada no maior hospital do Brasil.

      Eliana explicou que a origem do nome “Pulmão de Aço”, se deve a «uma máquina, inventada na década de 1920, parecida com um forno», onde as pessoas com insuficiência respiratória eram colocadas com a cabeça de fora e onde ela própria já esteve, devido aos problemas respiratórios de que também sofre.

      Ao longo desta vida acamada, Eliana aprendeu inglês e italiano, tirou um curso de história de arte e tornou-se pintora, sempre deitada na cama desde os dois anos de idade.

      Apesar das dificuldades motoras e também respiratórias, alcançou estas metas utilizando apenas a boca para escrever, pintar e “teclar”’.

      Eliana relata no seu livro que esteve próxima do suicídio. «Avaliava as possibilidades: arrancar o tubo da traqueia com a boca, cortar ou furar o pescoço», conta, nas páginas onde também brincou com a situação, ao dizer que «até para morrer antes da hora precisamos da ajuda de alguém».

      Aos 38 anos, a mulher acrescenta ainda que «volta e meia, essas ideias ainda a visitam, mas que hoje tenta aliviar as suas angústias nas sessões semanais de análise» que frequenta.

      Eliana disse que espera que o seu livro ajude «aqueles que não querem nada com a vida». «É claro que cada um tem as suas dores. A minha desgraça não é maior que a tua nem a tua é maior que a minha. Mas é sempre bom poder aprender a tirar o que vale a pena da vida», defendeu.


      Esta tarde, cerca de 70 mil estudantes manifestaram-se em Barcelona (Espanha) contra os cortes na educação e alguns grupos entraram em confronto com as forças policiais.

      Um grupo que se destacou da manifestação, que decorria pacífica, terá começado a lançar pedras e outros objetos, quebrando a janela de um banco, seguindo-se incêndios em contentores de lixo, tendo um deles se propagado a um veículo estacionado.

      Os agentes anti-motim carregaram sobre estes grupos em frente ao edifício da bolsa de Barcelona. Várias pessoas foram detidas.

      Alguns estudantes em fuga conseguiram refugiar-se no campus da Universidade de Barcelona, entre uns edifícios universitários. Dizem que a polícia usou bastões para bater nos manifestantes e disparou balas de borracha.

      “Não esperávamos este grau de repressão” afirmou Pau Bronsoms, estudante de 22 anos. “Ninguém partiu nada até eles carregarem”, acrescentou.

      A manifestação estudantil tentou depois invadir o Congresso Mundial de Comunicações Móveis que decorre esta semana em Barcelona, mas esbarrou num forte cordão policial.

      Num outro incidente, alguns alunos entraram no edifício da estação de rádio Cadena SER tendo lido um comunicado reivindicativo aos microfones do canal.

      Alunos e funcionários da Universidade Autónoma já tinham, ao início da manhã, realizado cortes em autoestradas e vias-férreas.

      A jornada nacional de protesto estudantil decorreu também nas cidades de Madrid e de Valência, nestas não se tendo registado incidentes.

      Espanha regista fortes cortes orçamentais em todas as áreas como medidas de austeridade. A taxa de desemprego no país está quase nos 23% e afeta sobretudo os jovens, faixa etária onde o desemprego atinge os 50%.

      “Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão seja a que nível for.”

      José Afonso, também conhecido por Zeca Afonso (1929-1987)

      Faz hoje 25 anos que morreu o icónico José Afonso, cuja música e palavras continuam afinal tão atuais.

      Os tributos e homenagens multiplicam-se em várias cidades do país e o cantautor vive ainda na memória de muitos.

      A seguir estão algumas imagens e, pese embora a grande dificuldade na escolha de uma música para aqui colocar, propositadamente fugindo às mais conhecidas como o hino à liberdade “Grândola”, escolheu-se, após grande dificuldade, de toda a sua produção, a canção “A Morte Saiu à Rua”. Esta canção que podes ouvir cantada pelo próprio Zeca no vídeo abaixo, foi dedicada ao artista plástico (o Pintor na canção) José Dias Coelho, que, para além de artista, era um militante político antifascista e que a polícia política do Estado fascista (PIDE) matou em 1961.

A morte saiu à rua num dia assim

      A fotografia é de 1936 e retrata uma multidão reunida em Hamburgo durante o lançamento de uma embarcação naval alemã nazi que todos saudaram menos um que, pelo contrário, cruzou os braços, numa atitude extremamente corajosa, na altura, pois podia morrer por isso.

      O indivíduo passou despercebido durante muitos anos até que a filha o identificou e disse chamar-se August Landmesser, um digno trabalhador do estaleiro de Hamburgo que, pese embora a sua atitude solitária, não deixou de a marcar na ocasião e para todo o sempre. Hoje, passados mais de 75 anos, admiramos a sua integridade nesse tão simples mas corajoso gesto.

      Mas há mais: sabe-se agora que August era alemão e pertenceu ao partido Nazi mas como casou com uma mulher judia, foi imediatamente expulso do partido e imediatamente preso, por “desonrar a raça”, sendo apenas libertado para ser enviado para a frente de batalha nazi, onde veio a ser morto.

      Deixou duas filhas, Ingrid e Irene, e uma mulher que também foi presa pela polícia do regime, a Gestapo. As filhas foram separadas: Ingrid foi deixada ao cuidado da avó materna, enquanto Irene foi entregue a uma família de acolhimento.

      Esta história da família Landmesser foi contada pela filha Irene num livro publicado em 1996 e acaba de ser recuperada e divulgada ao público da era digital por via de um blogue japonês que, com o auxílio rápido das redes sociais, já fez com que esta foto, no Facebook fosse partilhada cerca de 26 mil vezes.

      Irmela Mensah-Schramm é uma cidadã alemã com 66 anos que assumiu a nobre missão de eliminar toda a propaganda grafitada dos grupos neonazis nas ruas da Alemanha, em especial na cidade de Berlim, onde reside.

      Com um raspador, solventes, tintas e ainda uma câmara fotográfica, a professora reformada Irmela, anda dia após dia pelas ruas de Berlim com o objetivo de, como diz: “Destruir o ódio”.

      Este trabalho diário consiste no registo fotográfico da propaganda e a sua eliminação imediata, o que já vem fazendo há 25 anos, com cerca de 90 mil registos removidos.

      Irmela vive com três gatos e gasta cerca de 300 euros por mês com esta sua atividade (fotos e produtos) mas preocupa-se com o Mundo e com toda a gente, por isso age diretamente dentro das suas possibilidades.

      Um exemplo.

      Vê o vídeo abaixo.

      «Hoje, o cidadão europeu vive refém (mas não está sozinho nessa condição) de uma quase-Idade Média: pairam sobre ele as trevas densas de um futuro incerto ao mesmo tempo que aceita passivo a imposição de uma escolástica arquitetada por governantes medíocres e coadjuvada por um séquito de académicos e de “opinion makers” adestrados, unidos no esforço conjunto de legitimação de um novo paradigma de governação: a Governação Reativa.

      A escolástica desta governação reativa é perigosa, na exata medida em que consegue conciliar a tacanhez das respostas governativas com a magnitude do futuro que nos espera, através do argumento falacioso de que é esse tipo de governação que pode antecipar e prevenir os males do futuro. Desta perversa dialéctica, resulta o estranho feito daquilo que é tacanho e reativo surgir afinal como arauto de visão.

      Do mesmo modo, quem ousa contestar, surge agora como egoísta (anti-patriótico, incapaz de solidariedade geracional; anti-europeu, anti-comunidade, enfim), inculto (desconhecedor da nova linguagem aristotélica de descodificação do universo: a economia) e, pasme-se, retrógrado (agarrado a ideários do passado de uma esquerda social ruinosa).

      A greve, por exemplo, direito político tradutor da democratização da própria democracia pela sua abertura à voz dos trabalhadores, emerge hoje aos olhos do cidadão incauto mas que se esforça por parecer sério, já não como símbolo de progresso democrático, mas como a última arma de velhos do Restelo agarrados ao seu “status” de conforto. De repente, fazer greve é uma vergonha, é coisa de pseudo-indignados com contas pagas pelos pais, de gente instrumentalizada por sindicatos e partidos de esquerda radical.

      O que outrora era ativo, tornou-se reativo neste discurso político de inversões e perversões da linguagem democrática. Na mesma linha, também a legitimidade da ação pública já não deriva do político mas do económico, ou seja, já não emana da vontade expressa dos cidadãos, mas de opiniões especulativas e subjectivas dos agentes de mercado. Veja-se o caso de Espanha: a legitimidade do governo de Mariano Rajoy está como que em suspenso, esperando a chancela, o aval final, dos mercados. A vontade popular está assim reduzida ao estatuto da menoridade.

      Igualmente, o debate, exercício nobre da vivência democrática, surge transfigurado, ora confundindo-se com o simples somatório de múltiplas opiniões individuais de “opinion-makers” que se replicam e repetem até à náusea nos media, ora confundindo-se com a ideia da discussão destrutiva, geradora apenas de impasses bloqueadores do suposto caminho certo a ser ordeiramente percorrido.

      Também os direitos sociais acusam o peso desta inversão da linguagem democrática. De árduas conquistas de gerações e gerações de cidadãos, aparecem como que a alcova de todas as preguiças, de todas as mordomias impunes de um funcionalismo público que, para todos os efeitos, passa a ser sinónimo apenas de ineficiência, incompetência e inutilidade.

      Eis-nos assim chegados ao estádio supremo do triunfo do poder suave do capitalismo. De facto, António Gramsci poderia hoje ver como estamos coletivamente empenhados na salvação do capitalismo por não sabermos já viver sem o conforto e bem-estar que este também nos proporciona. Lutamos assim pela manutenção do seu lado encantador, nem que isso implique acomodar-nos a uma nova linguagem do Político que em última instância põe em causa a própria democracia, e mesmo que em resultado apenas tenhamos, irónica e ingloriamente, o esvaziamento irremediável dos direitos que o capitalismo possibilitou por via das políticas sociais do Estado.

      Esta reflexão não se aplica a quem faz hoje greve no nosso País, mas precisamente a todos quantos em Portugal e na Europa insistem neste discurso deslegitimador das formas de luta tradicionais, e que do alto da sua suposta maturidade cívica e até intelectual, exasperam perante facto de as suas certezas sobre o nosso caminho não serem afinal unânimes evidências.»

      Acabas de ler a transcrição integral do artigo de opinião publicado ontem, dia 24-11-2011, dia de Greve Geral em Portugal, no jornal português com sede na cidade de Braga “O Correio do Minho”, com o título de “Inversões e perversões na nova linguagem do Político”, subscrito por Isabel Estrada Carvalhais, Professora de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade do Minho, da mesma citada cidade.

      Está marcada para amanhã, dia 24 de novembro (quinta-feira), uma Greve Geral em Portugal, pelo que, de forma a esclarecer eventuais dúvidas dos trabalhadores portugueses, a seguir se respondem às 13 perguntas mais frequentes sobre esta greve.

   1 – Quem pode aderir à Greve Geral?

      Todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, membros ou não dos sindicatos que declaram greve, podem aderir à greve geral. O pré-aviso de Greve Geral abrange todos os trabalhadores do país.

   2 – Os que trabalham no setor privado, também podem fazer Greve?

      Todos os trabalhadores, independentemente da relação de emprego que tenham (Regime do Contrato de Trabalho em Funções Públicas, CAP, Contrato a Termo, Contrato Sem Termo/Tempo Indeterminado), seja numa instituição pública ou numa empresa privada, podem aderir à Greve Geral.

   3 – Os não sindicalizados também podem fazer greve?

      Podem pois. O direito à greve é um direito de todos os trabalhadores, sindicalizados ou não. Os trabalhadores não sindicalizados estão legalmente protegidos para fazer greve, com a única diferença de não estarem integrados numa organização sindical.

   4 – O trabalhador com um contrato a termo (vínculo precário), também pode fazer greve? Podem cessar-lhe o contrato?

      Pode fazer greve e, legalmente, o contrato não pode ser cessado em virtude disso. “É nulo e de nenhum efeito todo o ato que implique coação, prejuízo ou discriminação sobre qualquer trabalhador por motivo de adesão ou não à greve” (artº. 404º/RCTFP).

   5 – A pressão para não se aderir à Greve é legal?

      Nos termos do artº 404º/RCTFP, tal não é permitido. Mais, quem exerce a pressão/coação é suscetível de ser punido: constitui contra-ordenação muito grave o ato do empregador que implique coação do trabalhador no sentido de não aderir a greve, ou que o prejudique ou discrimine por aderir (artº. 540.º/CT).

   6 – Antes da greve, está o trabalhador obrigado a informar se adere ou não?

      Em termos legais, nenhum trabalhador está obrigado a informar previamente a sua decisão de aderir ou não à Greve.

   7 – Está o trabalhador legalmente obrigado a comparecer no seu serviço?

      Nos serviços sem obrigatoriedade de prestação de serviços/cuidados mínimos, nos termos do pré-aviso, o trabalhador não está legalmente obrigado a comparecer. Nos serviços onde têm que ser garantidos serviços/cuidados mínimos deve comparecer para os prestar (se for o caso) ou integrar o piquete de greve.

   8 – O que é o Pré-Aviso de Greve?

      Nos termos da Constituição e da Lei (artº. 396º/RCTFP) os sindicatos são obrigados a emitir Pré-Aviso de Greve, publicitado num órgão de comunicação social de expansão nacional. Este Pré-Aviso visa no essencial duas coisas: que as partes em conflito tentem ainda acordar soluções antes de efectivar a Greve; que os Serviços alvo da Greve se reorganizem (com as limitações decorrentes da Lei) para minimizar o impacto junto dos seus destinatários.

   9 – O que faz e quem constitui o Piquete de Greve?

      Piquete de Greve é constituído por todos os grevistas. O Piquete é constituído pelos grevistas que permanecem nos serviços a assegurar cuidados mínimos, pelos grevistas sediados na sala do piquete e pelos grevistas ausentes da entidade.

      O piquete visa, para além do levantamento rigoroso dos dados (escalados/aderentes), informar e esclarecer os grevistas sobre os motivos da greve e mesmo os não grevistas no sentido de aderirem à greve. Intervém junto das administrações para resolver problemas e presta informação e esclarecimento aos utentes através de ações planeadas para esse efeito.

   10 – Enquanto grevista, qual a subordinação hierárquica?

      Os grevistas estão desvinculados dos deveres de subordinação e assiduidade durante o período de Greve. A representação dos trabalhadores em greve é delegada, aos diversos níveis, nas associações sindicais, nas comissões sindicais e intersindicais, nos delegados sindicais e nos piquetes de greve.

      “A greve suspende, no que respeita aos trabalhadores que a ela aderirem, as relações emergentes do contrato, […] em consequência, desvincula-os dos deveres de subordinação e assiduidade” (artº. 398º/RCTFP) e os trabalhadores em greve são representados pelo Sindicato (artº. 394º/RCTFP).

   11 – A Administração pode substituir os grevistas?

      Não pode. “A entidade empregadora pública não pode, durante a greve, substituir os grevistas por pessoas que à data do aviso prévio não trabalhavam no respectivo órgão ou serviço, nem pode, desde aquela data, admitir novos trabalhadores para aquele efeito.” “A concreta tarefa desempenhada pelo trabalhador em greve não pode, durante esse período, ser realizada por empresa especialmente contratada para o efeito…” (artº. 397º/RCTFP).

   12 – Durante a Greve a Administração pode colher dados pessoais dos aderentes?

      Não pode. A Comissão Nacional de Proteção de Dados deliberou proibir, ao abrigo da alínea b) do nº. 3 do artº. 22º da Lei 67/98, qualquer tratamento autónomo de dados – recolha de tipo de vínculo/nome/n.º mecanográfico/outros dados similares – relativos aos aderentes à greve por constituir violação do disposto no art.º 13º e n.º 3 do 35º da CRP e nos n.ºs 1 e 2 do art.º 7º da Lei de Protecção de Dados Pessoais (Deliberação n.º 225/2007 de 28 de Maio).

   13 – Trabalhadores em Greve “rendem” trabalhadores não aderentes?

      Trabalhadores grevistas não rendem trabalhadores não grevistas. Os grevistas não têm o dever legal de render os não aderentes à greve.

      Na noite de ontem (17NOV) milhares de pessoas participaram numa manifestação de ocupação da ponte de Brooklyn (Nova Iorque) que marcou o segundo mês de existência do movimento “Ocupar Wall Street”.

      Durante a tarde, os ativistas tentaram bloquear o acesso à Bolsa de Nova Iorque, impedindo o seu funcionamento. A polícia prendeu cerca de 250 manifestantes para evitar a ação e permitir pelo menos a passagem dos funcionários. Pelo menos 7 polícias ficaram feridos. O chefe da polícia de Nova Iorque informou que 5 agentes foram atingidos com “um líquido na cara”, e que outro teve de ser cosido numa mão devido a um corte provocado por uma garrafa partida.

      A jornada de protestos contra a ganância do sistema financeiro foi marcada também por manifestações em cidades como Los Angeles, Las Vegas, Boston, Washington, Dallas, e Portland.

      Na última terça-feira (15NOV), uma ação policial retirou à força manifestantes que estavam acampados há dois meses no Parque Zuccotti, também em Nova Iorque, após uma ordem do presidente da câmara, Michael Bloomberg, que alegou razões sanitárias e de segurança.

      «Somos indestrutíveis, um mundo diferente é possível.» Assim, cantava a multidão sobre a ponte, uma das construções mais emblemáticas de Nova Iorque, enquanto os motoristas buzinavam para mostrar apoio.

      «Isto tem a ver com justiça económica e social e não nos podem tirar isso com 400 polícias de choque.» Assim o afirmava Andy, um jovem estudante acabado de sair da cadeia, antes do início da marcha sobre a ponte.

      Um ponto alto do protesto ocorreu quando a manifestação atingiu o meio da ponte, na altura do arranha-céus da Verizon, considerado o edifício mais feio da cidade. Nessa altura, começou uma projeção gigante sobre as paredes do prédio onde se podia ler: “Somos os 99%”, “Ocupar Wall Street”, “Ninguém nos consegue parar”, “Outro mundo é possível”. Vê estas imagens no vídeo abaixo.

      Na próxima segunda-feira (21NOV), o movimento anuncia oficialmente uma iniciativa de recolha de um milhão de assinaturas de estudantes dispostos a não pagar os empréstimos universitários até que se façam reformas no sistema financeiro. A dívida média de um estudante que se licencia em Nova Iorque é de 25 mil dólares.

      Otelo Saraiva de Carvalho, um dos capitães do golpe militar que derrubou a ditadura em Abril de 1974, afirma, a propósito da manifestação que os militares pretendem levar a cabo, que “Para mim, a manifestação dos militares deve ser, ultrapassados os limites, fazer uma operação militar e derrubar o Governo. Não gosto de militares fardados a manifestarem-se na rua. Os militares têm um poder e uma força e não é em manifestações coletivas que devem pedir e exigir coisas.”

      Disse ainda que hoje, Portugal está “a atingir o limite” e que acredita que há condições para os militares tomarem o poder, afirmando que “bastam 800 homens”.

      Em comparação com o golpe de 1974, do qual se afirma ser um “orgulhoso protagonista”, Otelo considera que um próximo golpe militar seria até mais fácil, pois hoje “há menos quartéis, logo menos hipóteses de existirem inimigos” da revolução.

      Questionado sobre a real possibilidade dos militares tomarem o poder, como há 37 anos, Otelo responde perentório: “Não tenho dúvida nenhuma que sim. Os militares têm sempre essa capacidade, porque têm armas. É o último bastião do poder instituído.”

      O estratega do golpe do 25 de Abril fez ainda uma análise crítica dos últimos 37 anos: “Se eu adivinhasse que o país ia gerar uma classe política igual à que está no poder, e que está a passar a certidão de óbito ao 25 de Abril, eu não teria assumido a responsabilidade de dar essa alvorada de esperança ao povo”.

      “Estabelecemos com o povo português um compromisso muito forte que era o de criar condições para um acesso a nível cultural, social e económico de um povo que tinha vivido 48 anos debaixo de ditadura. Assumimos esse compromisso, não o cumprimos e não o estamos a cumprir porque entregámos o poder a uma classe política que, desde o 25 de Abril, tem vindo a piorar”, afirmou, considerando mesmo que, à medida que o tempo corre, tem-se registado “um retrocesso enorme”.

      “Gozamos da liberdade de reunião, de manifestação e de expressão, mas começa a haver um caminho para trás”, acrescentou.

      “A classe política, sobretudo o que podemos abstratamente chamar de direita, está a retomar subtilmente tudo aquilo que eram as suas prerrogativas antes do 25 de Abril e a passar a certidão de óbito à revolução”.

      Mia Couto, escritor moçambicano, atualmente em Portugal, proferiu há dias a seguinte afirmação, perante a atual situação económico-social: «é preciso sair à rua, é preciso revoltarmo-nos, é precisa esta insubordinação».

      Acrescentou ainda que preferia a ingenuidade combativa dos manifestantes «à resignação que acaba por ser uma aceitação antecipada de um veredicto que é o da marginalização e o da redução ao nada».

      Recorde-se que Mia Couto foi um militante empenhado da luta pela independência moçambicana, pelo que opina «que só há que saudar gente que faça coisas e não cruze os braços, mesmo que não ainda compreenda exatamente qual é a saída. Pelo menos vem dizer que não aceita o que está a acontecer, e isso é importantíssimo.»

      Disse ainda que «há uma espécie de imposição de lógicas, que têm de ser interrogadas. Dizem-nos que o mundo está mal e que o mundo precisa do nosso sacrifício, de que entendamos a situação, mas acho que uma vez mais estão a pedir sacrifícios a quem sempre foi pedida a mesma coisa.»

      Relativamente à inversão do fluxo de emigração, a que a crise tem obrigado muitos portugueses, Mia Couto diz esperar «que este novo movimento, que já não é só de sul para norte, mas também de norte para sul, de este para oeste, nos coloque numa situação de maior partilha, numa condição mais igualitária do que no passado». E esclareceu: «Não que eu fique contente com a crise que está acontecer neste centro que é a Europa, mas o que se passa é a emergência de outro centro. O Brasil é esse centro, e por isso joga um papel decisivo dentro desta família de língua portuguesa».

      Não deixa no entanto de reconhecer que Portugal continua a desempenhar o papel de «porta-giratória» da Lusofonia, no que à cultura diz respeito. «Para que eu conheça o que está a ser publicado em Angola, em Cabo-Verde, em São Tomé, eu tenho de vir a Portugal. Nós não temos contactos diretos. A nível de África são muito escassos e o Brasil, embora menos, também depende do que se passa em Portugal.»

      As manifestações nas ruas nos cerca de 80 países deste fim de semana tiveram, finalmente, eco nas Nações Unidas (ONU), tendo o seu secretário-geral Ban Ki-Moon, vindo a público demonstrar a sua compreensão pelos protestos, posição aliás comum a todos os políticos dos diversos países, isto é, todos têm uma grande compreensão, mais nada.

      As declarações de Ban Ki-Moon, por ser o representante daquela organização mundial, revelam-se, no entanto, de maior destaque mediático, principalmente ainda pelo facto de terem sido proferidas antes de um encontro (na Suíça), entre ele (secretário-geral da ONU) e o grupo dos países do G20.

      Disse: «As frustrações que a crise financeira está a causar (…) É isso que estamos a ver um pouco por todo o mundo, começando em Wall Street, as pessoas estão a mostrar as suas frustrações, e em todo o mundo estão a enviar uma mensagem clara e inequívoca».

      O movimento dos “Indignados” está já globalizado e os protestos que se erguem em uníssono, por todas as principais capitais europeias e mundiais, onde milhares protestam a nível global, pese embora o seu caráter pacífico e sem obtenção imediata de qualquer alteração no estado das coisas, se persistir no tempo e na intensidade, poderá transformar-se e vir a obter alguma alteração.

      Neste fim de semana, verificamos como todas as manifestações foram pacíficas com exceção das notícias vindas de Roma (Itália) que referem cerca de dois milhões de euros de prejuízos, advindos das manifestações que o grupo “Black Block”, em separado levou a cabo, atacando alguns dos pilares representativos da sociedade capitalista, como incendiando viaturas de alta gama, pilhando lojas de luxo, etc., tendo constituído a faceta mais ativa e, bem assim, destruidora, dos protestos globais do último sábado.

      Esta forma de atuação de Roma tenderá a alastrar-se cada vez mais aos outros países/cidades, principalmente após a constatação da inação dos governos e da necessidade objetiva que existe de fazê-los cair, substituindo o sistema por outro, uma vez que as manifestações, apesar de muito bonitas, bem intencionadas e contendo cartazes muito imaginativos, não levam a lado nenhum.

      Os protestos em Wall Street (EUA) acabam de ganhar uma nova e maior dimensão, após 3 semanas, devido a uma súbita atenção mediática que despertou o interesse do público sobre este movimento que se auto-denomina “Ocupar Wall Street”.

      Diariamente, no centro de Nova Iorque, os manifestantes ocupam Wall Street, cada vez com maior adesão popular e de diversas organizações. A faísca que engrandeceu o movimento surgiu após a detenção pela polícia no passado fim-de-semana de 700 manifestantes que participaram no bloqueio da ponte de Brooklyn, lançando o movimento para um novo patamar.

      Das poucas dúzias de indivíduos que iniciaram os protestos em 17 de setembro passado, são agora milhares de indivíduos que enchem Wall Street. Nos últimos dias, com o avolumar da mancha humana, surgiram adesões de diversos movimentos e organizações, como o sindicato Amalgamated Transit Union, cujo presidente, Larry Hanley, em entrevista à CNN, dizia: «os jovens de Wall Street estão a dar voz a muitos problemas da classe trabalhadora dos EUA».

      O próprio presidente norteamericano, Barack Obama, veio a público reconhecer o teor representativo dos protestos. Confessando, em discurso na Casa Branca, que os manifestantes em Wall Street espelham «as frustrações do povo norte-americano».

      Outro presidente de uma união sindical, Michael Mulgrew, foi mais além na génese dos protestos, que justifica ao apontar que os EUA «estão de pernas para o ar», e que os manifestantes «estão a lutar pelos seus filhos e famílias».

      Sempre associados aos protestos estão as cargas policiais que também têm aumentado, tendo, no entanto, efeito contrário ao pretendido, pois em vez de refrear os manifestantes, a polícia só tem conseguido aumentar o número de manifestantes e adesões, como por exemplo a que houve também motivada pelo vídeo onde se mostra um polícia a pulverizar com spray pimenta um grupo de mulheres que participava nos protestos. O vídeo ganhou contornos virais e circulou pelas redes sociais, aumentando a indignação e ajudando ao aumento dos números de adesão ao movimento «Ocupar Wall Street».

      No passado dia 6 de setembro, dois homens armados invadiram a casa de Edson Francisco, membro da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) em Brazlândia, DF; Brasil.

      Os homens arrombaram o portão, entraram na casa e dispararam vários tiros contra Edson que conseguiu fugir sem ferimentos graves.

      Desconhece-se a origem do atentado, mas a Coordenação Nacional do Movimento, em comunicado, afirmou ser a certeza de que o atentado faz parte da intensa criminalização sofrida pelos movimentos populares em todo o Brasil.

      Edson já havia sido ameaçado por algumas vezes, após o desfecho da ocupação Gildo Rocha, que resultou numa grande vitória do MTST contra o governo distrital.

      Além disso, militantes do MTST em outras partes do país estão sendo ameaçados de morte constantemente. Os casos de Minas Gerais e Amazonas são os mais recentes.

      No último dia 26 de agosto, uma comissão do Movimento foi recebida pelo Ministério dos Direitos Humanos que se comprometeu a analisar os casos, mas até agora nenhuma medida concreta foi tomada.

      A Coordenação Nacional do Movimento MTST afirma ainda, no comunicado, que o próprio comunicado «é uma denúncia contra a criminalização que agora passou das ameaças e foi à realidade. Serve como um apelo aos companheiros de luta e aos diversos meios de comunicação para que divulguem a grave situação dos lutadores populares no Brasil. Mas antes de tudo essa nota é um Grito. É o início de uma resposta. Pois, se acham que o MTST irá recuar diante disso, enganaram-se redondamente. Sabemos contra quem lutamos e o que queremos. Nossa luta continua e irá se intensificar por todo o Brasil. Não é por acaso que nossa bandeira é vermelha!»

Mais info em: http://www.mtst.org

      O centro de Atenas foi hoje uma autêntica praça de guerra com confrontos constantes entre os manifestantes e a polícia durante várias horas.

      É mais uma greve geral, de dois dias e este é o primeiro dia, no qual se verificou que apenas funcionou o metro de Atenas que serviu tão-só de meio de transporte aos manifestantes. Note-se que os trabalhadores do metro de facto fizeram greve mas vendo a necessidade de transporte dos manifestantes, acorreram ao trabalho com o propósito de transportar os trabalhadores para a manifestação, o que sucedeu.

      O governo grego quer aprovar por estes dias novas medidas de austeridade contra o povo grego, as votações ocorrem amanhã e depois de amanhã.

      Os jovens anarquistas gregos tiveram uma vez mais papel de relevo, sendo noticiadas as suas ações e, consequentemente, convicções, pelos noticiários dos mass media mundiais. Com pedras e paus enfrentaram a polícia de choque, ferindo 21 polícias que necessitaram de internamento.

      Abaixo podes ver um pequeno vídeo com um extrato das manifestações.

      Este último fim de semana, em várias cidades do Brasil e do Mundo, foram organizadas marchas de mulheres em defesa do direito de se vestirem e agirem da forma que quiserem sem que isso justifique qualquer violência sexual cometida contra elas.

      A “Marcha das Vadias” (ou SlutWalk) surgiu no Canadá no passado mês de abril, como protesto em resposta ao comentário de um polícia que aconselhava as universitárias a “não se vestirem como vadias/putas (sluts)” para reduzirem o risco de serem estupradas. Essa declaração causou revolta não só no Canadá mas um pouco por todo o Mundo.

      No Brasil, a marcha justifica-se porque aproximadamente 15 mil mulheres são estupradas por ano e, mesmo assim, a sociedade acha até graça quando um humorista faz uma piada sobre estupro, chegando ao cúmulo de dizer que homens que estupram mulheres feias não merecem cadeia, mas um abraço.

      Estar no comando da nossa vida sexual não significa que estamos nos abrindo para uma expetativa de violência, e por isso nasce esta solidariedade para com todas as mulheres estupradas em qualquer circunstância, porque tiveram seus corpos invadidos, porque foram agredidas e humilhadas, tiveram a sua dignidade destroçada e muitas vezes, senão quase sempre, foram ela próprias ainda culpadas por isso.

      Das manifestações de ontem (19 de junho), a que ocorreu em Barcelona (Espanha) foi das que teve a maior adesão, contabilizando-se mais de 100 mil participantes.

      Perante o êxito, novas mobilizações foram já convocadas para os próximos dias, enquanto os mass media e os partidos do regime mostram perplexidade perante a capacidade mobilizadora do chamado movimento “15-M” ou dos “indignados”.

      Se bem que o movimento está longe de representar uma aposta revolucionária ou anti-sistema, a sua persistência e tabela reivindicativa anti-neoliberal põe em evidência a identidade programática do conjunto de forças política do sistema capitalista.

Apartheid

Posted on: 16/06/2011

      Foi num dia como o de hoje mas do ano de 1976 (há 35 anos) que ocorreu o levantamento revoltoso do Soweto (subúrbio negro de Johanesburgo), uma das mais sangrentas rebeliões negras durante a vigência do regime racista do “Apartheid” na África do Sul.

      Desde os anos de 1960 que os negros haviam iniciado manifestações contra o regime racista instituído cerca de 10 anos antes.

      Os primeiros a manifestarem-se foram os estudantes negros, pois estes tinham que pagar para poder frequentar as escolas e estas eram próprias só para negros, com péssimas condições, superlotadas e se professores qualificados, por oposição às boas escolas e gratuitas de que os brancos desfrutavam.

      O regime de segregação racial determinava, por lei, que os brancos detinham o poder total e os demais povos deveriam viver separados dos brancos com regras próprias que lhes impunham não lhes permitindo qualquer direito de cidadania.

      A segregação ia ao pormenor de distinguir os transportes públicos, havendo transportes próprios para brancos e outros, piores, para negros, com as suas respectivas e distintas paragens. Segregava-se tudo: lojas, praias, piscinas, bibliotecas, até os bancos nos jardins tinham indicações de “só para brancos” ou “só para europeus”.

      Acaba de nascer no Egito o coletivo intitulado: “Movimento Socialista Libertário” e anuncia-se com o comunicado que a seguir se reproduz:

      «Nós, socialistas libertários, lutamos por uma sociedade socialista sem classes, uma sociedade antiautoritária livre do aparato repressivo do Estado e do capital. Somos contra a introdução do capitalismo de Estado, como aos regimes opressivos que existiram nos países “socialistas”. Rejeitamos e nos opomos ao sistema capitalista.

      Acreditamos que a classe trabalhadora é capaz de liderar uma grande coalizão construída com um esforço determinado a derrotar tanto o poder capitalista como o Estado repressivo.

      Nossos objetivos imediatos são:

      1. Descentralização administrativa sem governadores ou prefeitos, gerida por conselhos locais de bairro e região; o direito de controlo popular com os delegados eleitos, revogável dos conselhos locais e comités cidadãos.

      2. A conversão de todas as empresas de serviços e instalações de produção em cooperativas autogeridas pelos seus membros em uma sociedade democrática, descentralizada com a ajuda da liberdade e da independência das administrações estaduais.

      3. O cancelamento dos impostos que são dados aos investidores e aplicação de taxas progressivas para apoiar as cooperativas de serviços que incluem setores como educação, saúde e outros.

      4. Pluralismo sindical, liberdade de associação nas fábricas e locais de trabalho e a criação de sindicatos para funcionários públicos e estabelecimentos militares para apoiar a participação de todos os trabalhadores na gestão de seus locais de trabalho, autogestão de fábricas e empresas que foram privatizadas entre a injustiça e corrupção durante a era Mubarak.

      5. Confiscação de todo o dinheiro de origem ilícita e distribuição entre as cooperativas.

      6. Uma constituição que garanta todas as formas de liberdade humana, incluindo a liberdade de associação, religião e pensamento; criação de uma república parlamentar, com governo descentralizado, sob controlo popular permanente das administrações locais e comités de cidadãos para tomar o lugar de governo e de presidente do Estado; direito aos delegados de atuar em mandatos populares para propor novas leis e referendos.

      7. A criação de uma sociedade socialista, não dependente de um ato de autoridades liberais, e sim da vontade de cooperativas sem uma autoridade centralizada, para que a sociedade sem classes possa ser auto-organizada através de comités populares e comités locais, contra a autoridade de um Estado central e repressivo.»

      Contacto por e-mail: lsm.egypt@ gmail.com

      Vê o blogue:
http://anarchisminarabic.blogspot.com/2011/05/blog-post_24.html

      O movimento de acampados na emblemática praça central de Madrid da Porta do Sol, recebeu hoje outra enchente de pessoas que assim quiseram manifestar o esgotar da paciência com a crise económica e com o sistema político.

      Os espanhóis que vivem fora de Espanha também realizaram concentrações no estrangeiro, são conhecidos os casos de Paris, Berlim, Lisboa e Copenhaga, manifestando a sua solidariedade em frente às respetivas embaixadas.

      Na entrada do metro daquela praça lia-se numa faixa (foto abaixo) “La Revolución estaba en nuestros corazones y ahora vuela libre por las calles” (A Revolução estava nos nossos corações e agora voa livre pelas ruas).

      Alguns milhares de jovens espanhóis, fartos da alta taxa de desemprego (5 milhões) e da falta de perspetivas de futuro, saíram à rua indignados, após combinação da ação nas redes sociais, ocupando por todo o país em diversas cidades os centros das mesmas, ao estilo egípcio que ocupando a praça central do Cairo fez cair o regime de Mubarak.

      A Espanha está em plena campanha eleitoral para as autonomias e os municípios, com eleições marcadas para o próximo dia 22 de maio.

      As concentrações consistem em acampamentos permanentes durante os quais os manifestantes se organizam em assembleias e comités com funções específicas como gerir as comunicações, a comida, a limpeza, as ações de protesto e até os assuntos legais; tal e qual como os manifestantes da Praça Tahir no Egito.

      Apesar da polícia ter inicialmente logrado a dissolução das concentrações, logo voltaram os manifestantes, ocupando as praças.

      A atmosfera é também festiva, com a multidão cantando canções, jogando a diversos jogos lúdicos e realizando debates permanentes sobre toda a complexidade da situação.

      Os manifestantes afirmam não se identificarem com nenhum partido político, estando cada vez mais auto-organizados.

      Reivindica-se a vida e um sistema político organizativo social que até pode ser democrático mas tem que ser muito mais justo.

      Numa das fotos que podes ver abaixo está escrito: “No soy anti-sistema, el sistema és anti-yo”, isto é: “Não sou anti-sistema, o sistema é que é anti-eu”. Esta frase define a consciência geral: o sistema instalado marginaliza-me; põe-me ao lado, não me permite viver condignamente.

      Por todo o lado se vêm outras mensagens, como por exemplo as que tapam a cúpula de acesso ao metro da praça da Porta do Sol, em Madrid:

      “Si no nos dejáis soñar, no os dejaremos dormir” (se não nos deixais sonhar, não vos deixaremos dormir),

      “Lo queremos todo y lo queremos ahora” (queremos tudo e queremos já),

      “Que los políticos se jubilen como los demás” (que os políticos se reformem, como toda a gente),

      “Los partidos y el Estado son el crimen organizado” (os partidos e o Estado são o crime organizado),

      “La calle es gratis” (a rua é grátis)

      Um porta-voz do coletivo “Democracia Real Ya” (Democracia a sério já) afirma que “En esta crisis, mientras algunos se han hecho ricos, la mayoría tiene menos ingresos” (nesta crise, enquanto alguns ficam ricos, outros têm menos rendimentos).

      Por outro lado, José Manuel Campa, secretário de Estado de Economia, veio a público fazer declarações fantásticas nas quais diz compreender as manifestações dos jovens, explicando que uma crise como esta não se soluciona de um dia para o outro: “Queremos transmitir a la gente joven que éste es un proceso de ajuste necesario y que su situación económica mejorará en 10, 20 y 30 años”, ou seja, que os jovens esperem 10, 20 ou 30 anos para que possam viver melhor.

      O jovem anarquista sul-coreano Jihwan Ahn foi condenado, em Seul, a 18 meses de prisão por objeção de consciência e está atualmente encarcerado na prisão de Youngdengpo, até 16 de agosto de 2012.

      Jihwan recebeu 18 meses de prisão por rejeição do serviço militar.

      Na sua declaração de objeção de consciência disse:

      «Não vejo razões, seja num sentido legal ou mesmo moral, para vos explicar qual o meu critério de consciência, e a história de como esse foi alcançado, ou da veracidade dessa consciência, enquanto eu declaro que me recuso ao serviço militar, de acordo com minha própria consciência. Não estou alegando isso de uma maneira infantil, mas essa é mesmo a minha convicção.

      Eu gosto de subir uma montanha pela manhã, ou de ir à praia quando está chovendo, tirar uma soneca depois do almoço, e colher flores do campo e colocá-las num vaso em minha sala, todas essas coisas você pode fazer livremente, sem permissão. Para mim, não prestar o serviço militar é assim também uma questão de liberdade individual. Se alguém tenta tirar essa liberdade de mim, é esse alguém que deve explicar por que faz isso, não sou eu que tenho que explicar porque me sinto feliz quando colho uma flor, ou culpado por fazer isso, e todas as outras mudanças emocionais e demais razões de o porquê de gostar de colocar flores num vaso, depois de as colher.

      Hoje o problema principal é que depois da minha declaração, o processo legal vai começar. Primeiramente, é um problema pedir a alguém que é declaradamente consciente, que prove a sua consciência e, segundo, há o problema que não houveram debates suficientes para entender o porquê do estado-nação (ou melhor, a comunidade) que está tirando a liberdade de alguém. Essa é basicamente uma questão de violência por parte do estado-nação.»

      Embora a Coreia do Sul tenha sido repetidamente chamada a atenção pelo Comité de Direitos Humanos da ONU, de que deveria reconhecer o direito da objeção de consciência, tanto através das Observações Conclusivas ao estado, assim como na sua jurisprudência no caso do objetores conscientes da Coreia do Sul, isso não tem sido feito. Um projeto do governo anterior para introduzir o direito da objeção consciente foi derrubado pelo governo atual.

      Em novembro de 2010, 965 objetores conscientes estavam cumprindo sentenças nas prisões, geralmente de 18 meses. Atualmente, um dos casos das Observações Conclusivas que teve apelo junto à Corte Constitucional está pendente. Não obstante, as cortes continuam a mandar os objetores para a prisão.

      Podes enviar cartas de apoio a este objetor de consciência, Jiwahn Ahn, para o seguinte endereço:

      Jihwan Ahn
      2568
      P.O. Box 164
      Geumcheon-gu
      Seul, República da Corria
      153-600


Calendário

Maio 2024
S T Q Q S S D
 12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031  

Visitantes já contados:

  • 97.870

Contacto por email:

infodiasms@gmail.com

O objectivo deste sítio é:

[ Vota aqui sobre o conteúdo deste blogue e vê os resultados atuais ]

Facebook SabeMais e Info-Dia Sms